O RENASCIMENTO DO LAR: O MERCADO DA CAMA, MESA E BANHO NO BRASIL

O mercado de cama, mesa, banho e decoração no Brasil não é apenas um setor econômico; é um reflexo vibrante da identidade cultural, das aspirações de consumo e da busca incessante por conforto e estética. Em 2025, esse segmento, que movimenta bilhões de reais anualmente, demonstra resiliência e inovação, consolidando-se como um dos pilares da economia brasileira. Com um faturamento estimado de R$ 109 bilhões por ano, segundo dados da ABCasa, e uma produção que combina artesanato, indústria de larga escala e tendências globais, o setor está em plena transformação, impulsionado por mudanças no comportamento do consumidor, digitalização e sustentabilidade. Esta coluna explora as forças que moldam esse mercado, destaca as 50 maiores empresas e projeta o futuro disruptivo de um setor que não apenas decora, mas redefine o conceito de lar.

A Força Econômica do Setor: Números e Impacto

O mercado de cama, mesa, banho e decoração é um colosso econômico. Em 2023, segundo o IEMI – Inteligência de Mercado, o setor de linha lar atingiu uma produção de 941,9 milhões de peças, com um faturamento de R$ 25,9 bilhões apenas na indústria nacional. O varejo, por sua vez, movimentou R$ 96,3 bilhões em 2022, distribuídos por mais de 238 mil pontos de venda, dos quais 135,2 mil são especializados em artigos para casa. Esses números revelam a capilaridade do setor, que emprega cerca de 2,7 milhões de pessoas e representa aproximadamente 3% do PIB brasileiro, conforme dados do IBGE citados pela ABUP.

A produção de artigos de cama, que responde por 35% do total do segmento, é liderada por itens como fronhas (127 milhões de peças em 2022), lençóis e cobertores, enquanto as importações, que totalizaram US$ 290,8 milhões em 2022, complementam a oferta com produtos diferenciados, especialmente da China (74,3% das importações). As exportações, embora menores, cresceram 12,2% em 2022, alcançando US$ 57,7 milhões, com destinos como Argentina e Equador. Esses dados apontam para um mercado dinâmico, que equilibra produção local com integração global.

As 50 Maiores Empresas: Gigantes e Inovadores

O ranking das 50 maiores empresas do setor de decoração, segundo a Econodata, revela um ecossistema diversificado, que inclui desde gigantes do varejo até indústrias especializadas. Abaixo, destaco as cinco primeiras posições, que exemplificam a pluralidade do mercado:

ETNA (ETNA Comércio de Móveis e Artigos para Decoração Ltda) – Faturamento: R$ 2,1 bilhões. Líder no varejo de móveis e decoração, a ETNA combina escala com uma oferta diversificada, atendendo consumidores que buscam sofisticação acessível.

Vivara (Tellerina Comércio de Presentes e Artigos para Decoração S.A.) – Faturamento: R$ 1,8 bilhão. Embora conhecida por joias, a Vivara tem expandido sua presença em decoração, apostando em itens premium.

Elevato Materiais de Construção e Decoração Ltda – Faturamento: R$ 165,4 milhões. Focada em materiais de construção e decoração, destaca-se no Sul do Brasil.

Conipa (Conipa Indústria e Comércio de Presentes Metais e Artigos de Decoração Ltda) – Faturamento: R$ 125,4 milhões. Especializada em itens de decoração metálicos, atende o mercado B2B.

Sepa Construção e Decoração (F A Total Comércio Material de Construção Ltda) – Faturamento: R$ 109,8 milhões. Atua no varejo de materiais de construção e decoração no Rio de Janeiro.

A lista completa das 50 maiores empresas inclui nomes como Tramontina e Karsten, que se destacaram na ABUP Show 2025, e outras como Ambolé, JVM e Wheaton, que combinam inovação artesanal com escala industrial. Essas empresas se beneficiam de eventos como a ABCasa Fair e a ABUP Show, que conectam fabricantes, artesãos e lojistas em um formato “one-stop shop”, facilitando negócios e lançamentos.

Tendências Disruptivas: O Lar do Futuro

O mercado de cama, mesa, banho e decoração está em um ponto de inflexão, impulsionado por três forças transformadoras:

Digitalização e Experiência Omnichannel: O varejo online de artigos para casa cresceu mais de 260% entre 2018 e 2022, segundo o IEMI. Empresas como a Westwing e a Tok&Stok investem em plataformas digitais que integram experiências personalizadas, como realidade aumentada para visualizar produtos no ambiente do consumidor.

Sustentabilidade e Consumo Consciente: A demanda por produtos sustentáveis é uma megatendência. Marcas como a Karsten apostam em tecidos reciclados e processos de produção com menor impacto ambiental, enquanto artesãos, como os do programa Mãos e Mentes Paulistanas, utilizam materiais reaproveitados, como sobras de madeira e MDF.

Exclusividade e Artesanato Autoral: Com 8 milhões de artesãos no Brasil, conforme o IBGE, o setor de decoração valoriza peças únicas. A ABUP, por meio de iniciativas como o Projeto Design Autoral, promove artesãos que transformam materiais como cerâmica e macramê em itens exclusivos, atraindo consumidores que buscam autenticidade.

Desafios e Oportunidades

Apesar do crescimento, o setor enfrenta desafios. A inflação, embora controlada (2,33% em 2024, segundo a ABCasa), impacta os custos de produção, que subiram 7,65% no mesmo período. O déficit da balança comercial, que atingiu US$ 1,1 bilhão em 2024, reflete a forte dependência de importações, especialmente de artigos decorativos (crescimento de 26,6%) e utensílios de mesa (43,3%). Para contrabalançar, empresas nacionais precisam investir em inovação e competitividade, equilibrando qualidade e preço.

As oportunidades, no entanto, são vastas. A estabilidade econômica, com inflação abaixo da média geral (4,83% em 2024), estimula o consumo. A ABCasa Fair, marcada para 9 a 12 de fevereiro de 2025, será um catalisador de negócios, reunindo tendências globais e regionais. Além disso, a crescente urbanização e o aumento da renda média impulsionam a demanda por produtos que combinem funcionalidade e estética.

Um Olhar para o Futuro

O mercado de cama, mesa, banho e decoração no Brasil está em um momento de efervescência. Ele não apenas reflete o desejo de conforto e beleza, mas também a capacidade de inovação de um setor que combina tradição artesanal com escala industrial. As 50 maiores empresas, de gigantes como a ETNA a artesãos emergentes apoiados pela ABUP, são a espinha dorsal de um mercado que, em 2025, projeta crescimento sustentável, impulsionado por tecnologia, sustentabilidade e exclusividade. O lar brasileiro, mais do que nunca, é um espaço de expressão cultural e econômica, onde cada fronha, toalha ou peça decorativa conta uma história de criatividade e resiliência.

CAMA, MESA E BANHO.