O MERCADO IMOBILIÁRIO BRASILEIRO EM 2025: GIGANTES DO SETOR E PERSPECTIVAS GLOBAIS

A Loft, uma gigante, combina tecnologia com serviços personalizados, focando em imóveis de alto e médio padrão. Sua plataforma UDATA, baseada em big data, prevê tendências de mercado, oferecendo transparência aos clientes. Em 2024, a Loft registrou um aumento de 31% nas vendas no Rio de Janeiro, consolidando sua força regional.

Marcello D'Victor

7/27/20255 min read

No coração pulsante da economia brasileira, o mercado imobiliário brilha como um farol de resiliência e oportunidade, navegando por um cenário complexo de mudanças macroeconômicas e inovações tecnológicas. Em meados de 2025, o setor imobiliário brasileiro vive uma fase de crescimento robusto, com uma projeção de expansão de 5% em vendas e lançamentos, conforme aponta Ely Wertheim, presidente do Secovi-SP. Embora mais moderado em relação ao salto de 20,9% nas vendas e 18,6% nos lançamentos em 2024, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), esse crescimento reflete a capacidade de adaptação do setor diante de taxas de juros em alta e ventos contrários da economia global.

As Gigantes do Mercado de Corretagem Imobiliária

O panorama das corretoras imobiliárias no Brasil é dominado por um grupo de empresas que combinam escala, inovação e estratégias regionais. Liderando o setor, a QuintoAndar se destaca como uma potência proptech, redefinindo o mercado com sua abordagem digital. Com mais de 170 mil imóveis ativos e 10 milhões de acessos mensais, a plataforma fecha um contrato a cada quatro minutos, impulsionada por inteligência artificial para precificação e gestão de leads. Essa abordagem a posiciona como pioneira em um mercado cada vez mais tecnológico.

A Loft, outra gigante, combina tecnologia com serviços personalizados, focando em imóveis de alto e médio padrão. Sua plataforma UDATA, baseada em big data, prevê tendências de mercado, oferecendo transparência aos clientes. Em 2024, a Loft registrou um aumento de 31% nas vendas no Rio de Janeiro, consolidando sua força regional.

A VivaReal, agora parte do grupo ZAP+, mantém sua relevância como um dos principais marketplaces digitais. Sua interface amigável e amplo banco de dados atendem desde compradores iniciantes até investidores experientes. Já a Imovelweb se destaca pela experiência do usuário, integrando tours virtuais e imagens 360º, alinhando-se à tendência global de exploração imersiva de propriedades.

Corretoras tradicionais, como Lopes e Fernandez Mera, continuam a dominar por meio de redes consolidadas e expertise em imóveis de alto padrão e comerciais. A Lopes capitaliza o mercado de luxo em São Paulo, onde o preço por metro quadrado em bairros como Pinheiros atingiu R$ 21 mil em 2025. A Fernandez Mera, por sua vez, beneficia-se da retomada da demanda por espaços corporativos e galpões logísticos, impulsionada pelo crescimento do e-commerce no Brasil.

Peculiaridades do Mercado Brasileiro em Contexto Global

O mercado imobiliário brasileiro é uma tapeçaria única, entrelaçada por fios culturais, econômicos e regulatórios que o diferenciam de seus pares internacionais. Diferentemente dos mercados altamente padronizados dos Estados Unidos ou da Europa Ocidental, o Brasil apresenta uma heterogeneidade marcante. As disparidades regionais — evidentes no contraste entre o horizonte de arranha-céus de São Paulo e os mercados turísticos do Nordeste — criam um ecossistema fragmentado, mas dinâmico. Como observa João Teodoro da Silva, presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), em artigo de 2024, a resiliência do setor decorre de sua capacidade de se adaptar à volatilidade econômica, uma característica menos pronunciada em mercados estáveis como Alemanha ou Japão.

A dependência de programas habitacionais do governo, como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), distingue o Brasil de mercados como os EUA, onde o financiamento privado predomina. Em 2025, a expansão da Faixa 4 do MCMV, com uma injeção proposta de R$ 30 bilhões, reforça o papel central do Estado na habitação popular, que respondeu por 57% do crescimento das vendas em São Paulo no primeiro quadrimestre. Em contrapartida, mercados como o Reino Unido dependem mais de incorporadoras privadas, com menos ênfase em moradias subsidiadas.

Outra peculiaridade é a rápida adoção de transformação digital no Brasil. Embora a proptech seja uma tendência global — visível em empresas como Zillow (EUA) ou Rightmove (Reino Unido) —, o Brasil se destaca pela velocidade de adoção, impulsionada por uma população jovem e conectada. Thiago Marçal, CEO da Praedium, destaca que “o avanço de soluções tecnológicas está redefinindo a experiência de compra e venda”, com ferramentas como precificação por IA e blockchain para segurança contratual ganhando espaço. Isso contrasta com mercados como a China, onde a supervisão estatal limita a inovação digital no setor.

Contudo, o Brasil enfrenta desafios inexistentes em mercados mais maduros. A taxa Selic projetada em 15% para o final de 2025, conforme o Boletim Focus, pressiona compradores da classe média dependentes de financiamento, diferentemente dos EUA, onde as taxas hipotecárias permanecem abaixo de 7%. Além disso, entraves burocráticos, como a demora no registro de imóveis, contrastam com sistemas simplificados em Singapura ou Austrália.

Crescimento em 2025 e Potencial até 2030

A projeção de crescimento de 5% para o mercado imobiliário brasileiro em 2025, embora impactada por juros elevados, é sustentada por diversos fatores. A estabilidade do MCMV, com um orçamento de R$ 130 bilhões do FGTS, garante impulso à habitação popular. O segmento de luxo, menos sensível às taxas de juros, prospera em centros urbanos como São Paulo e Rio, onde bairros como Vila Mariana e Barra da Tijuca lideram em valor de vendas. A CBIC destaca que a baixa taxa de desemprego de 6,2% no quarto trimestre de 2024, aliada ao aumento real dos salários, alimenta a demanda, especialmente entre a faixa etária de 40 anos, que forma famílias.

Olhando para 2030, o potencial do setor é vasto. Um estudo da Grant Thornton projeta um crescimento cauteloso, mas constante, com foco em construções sustentáveis e casas inteligentes. Até 2030, o Brasil pode ver um aumento de 30% na demanda por habitação urbana, impulsionado pelo crescimento populacional e urbanização, como delineado em The Future of Real Estate, de Richard Florida. A sustentabilidade, um imperativo global, ganha força, com incorporadoras como a Mediadora Imóveis priorizando designs ecológicos, como captação de água da chuva e sistemas de energia solar.

O avanço dos data centers, estimulado pela economia digital brasileira, é outro motor de crescimento. Como sugere The Global Real Estate Market, de Joseph Gyourko e Edward Glaeser, a infraestrutura para tecnologia é um nicho de alto retorno, e o segmento de data centers no Brasil está pronto para espelhar a expansão acelerada dos EUA. Além disso, a influência do agronegócio, especialmente em logística e armazenagem, fortalecerá o mercado imobiliário comercial em regiões como Centro-Oeste e Sul.

Conclusão: Um Mercado em Ascensão

O mercado imobiliário brasileiro, com suas gigantes corretoras e peculiaridades regionais, é um microcosmo de inovação e desafio. Em 2025, empresas como QuintoAndar, Loft, VivaReal, Lopes e Fernandez Mera lideram a transformação do setor, navegando entre a digitalização e a tradição. Comparado ao cenário global, o Brasil combina resiliência econômica com um dinamismo único, impulsionado por políticas públicas e tecnologia. Até 2030, o setor está posicionado para capitalizar o crescimento urbano, a sustentabilidade e a infraestrutura digital, consolidando sua relevância no cenário econômico nacional e global.